Texto:
Edília Santa Catarina Menin, José Antônio Somensi e Fernanda
Seibel
Fotos:
Fernanda Seibel
A
sexta etapa da Escola de Formação Fé, Política e Trabalho
2013.ano 10, aconteceu nos dias 17 e 18 de agosto. A Escola é
cordenada pelas Cáritas de Caxias do Sul, com o apoio do Instituto
Humanitas Unisinis – IHU, e nessa etapa trouxe como temas “A
economia solidária como alternativa à globalização econômica.
Experiências práticas na serra gaúcha”
e contou com a assessoria da professora
Dra. Vera Regina Schmitz,
da FACCAT – Faculdades Integradas de Taquara, e assessora em
economia e cooperativismo para várias instituições.
Hoje
o modelo capitalista governa em todos os espaços da Terra, modelo
que sabemos ser excludente, individualista, competitivo e marcado
pela propriedade privada, e a Economia
Solidária contrasta
com este modelo porque, como nos fala a professora Vera, propõe
decisão coletiva-democrática, economia solidária com organização
que privilegia o trabalho associativo, a cooperação e a autogestão
e o respeito a natureza.
A
professora Vera trouxe além dos conceitos citados acima da Economia
Solidária, vários exemplos de cooperativas
e associações que
surgiram a partir de situações de vulnerabilidades, marginalização,
desemprego surgidos pela visão apenas do capital.
O
pensamento cooperativista tem inicio no capitalismo industrial, e
esteve presente nas lutas de resistência à revolução industrial
nos séculos XIX e XX. Os primeiros pensadores do cooperativismo
foram: Robert Owen (1771-1859), Carlos Fourier (1772-1837),
Saint-Simon (1760-1825), Louis-Blane (1811-1822), Pierre Joseph
Proudhon (1809-1865).
Assim,
a economia solidária resgata o cooperativismo operário presente nas
lutas de resistência da revolução industrial nos séculos XIX e
XX.
Dessa
forma, a economia solidária é o conjunto de atividades econômicas
organizadas (produção, comercialização, finanças e consumo), e
realizadas solidariamente por trabalhadores e trabalhadoras, com
trabalho associado, com cooperação e autogestão.
Na
visão do economista Paul
Singer o
‘novo
cooperativismo’
é a volta aos princípios onde se dá valor à democracia
e a igualdade
dentro de empreendimentos, a insistência na autogestão
e
o repúdio ao assalariamento. A Economia
Solidária
busca o equilíbrio entre o econômico e o social.
Ainda,
os valores da economia solidária são os da autogestão, democracia,
cooperação, solidariedade, respeito à natureza, promoção da
dignidade e valorização do trabalho humano, tendo em vista um
projeto de desenvolvimento sustentável.
Para
ilustrar estas iniciativas estiveram conosco relatando suas
experiências:
>
o diretor executivo da Federação
das Cooperativas
do Vinho – Fecovinho
– http://www.fecovinho.com.br/,
Hélio Marchioro, afirmando que
a entidade fundada em 22 de novembro de 1952, tem sede em
Farroupilha, e congrega 11 Cooperativas filiadas, com o fim de tornar
real, ações que visem à capacitação, a discussão e o
aprofundamento do debate que envolve as questões vitivinícolas, na
perspectiva da geração de trabalho e renda de uma parcela
importante de agricultores familiares cooperativados;
>
o representante da AECIA
– Cooperativa Aecia de Agricultores Ecologistas
- http://www.aecia.com.br/,
Gilmar Bellé, que explicou o histórico da Cooperativa, com o inicio
do agricultura ecológica na região de Antonio Prado, com estudos da
engenheira Maria Guazzeli, e com apoio do Pe. Schio e do Pe. Remi.
Ainda, destacou o compromisso da associação de trabalhar em prol
de uma vida mais saudável, uma sociedade mais justa e pela
preservação ambiental;
>
duas representantes da Associação de
Recicladores Serrano, de Caxias do Sul,
explicaram sobre a organização da associação, que iniciou em
1998, e cria alternativa de trabalho e renda para 25 pessoas
associadas, em sua maioria com idade avançada e sem escolarização;
>
o Presidente da Cooptel
- Cooperativa Gaúcha de Hotéis e Turismo Ltda.
- www.cooptel.com.br,
João Andreis, que disse ser a primeira cooperativa de hotel no
Brasil, iniciada em 2003, e explicou sobre a organização da
cooperativa de trabalhadores e trabalhadoras que assumiram a
administração do antigo hotel 'Alfredinho', sendo que atualmente
são 20 pessoas cooperadas.
Ainda,
a professora Vera, relatou a existência das entidades
de apoio a
economia solidária, como Cáritas, Igrejas e Pastorais, organizações
não governamentais e incubadoras de economia solidária ligadas a
universidades.
A
economia solidária também se
organiza e articula
no Fórum Brasileiro de Economia Solidária, ecistindo instâncias
municipal, regional, estadual e nacional; nas cadeias produtivas; nas
redes.
A
assessora também abordou as
tecnologias sociais,
que viabiliza economicamente os empreendimentos, de forma orientada
para o mercado interno, promove a participação coletiva, e é
geradora de trabalho e renda.
Foram
apresentados alguns documentários:
>
O
veneno está na mesa,
do diretor Silvio Tendler, apresentando que o Brasil é o país do
mundo que mais consome agrotóxicos: 5,2 litros/ano por habitante.
Muitos desses herbicidas, fungicidas e pesticidas que consumimos
estão proibidos em quase todo mundo pelo risco que representam à
saúde pública. O perigo é tanto para os trabalhadores, que
manipulam os venenos, quanto para os cidadãos, que consumem os
produtos agrícolas. Só quem lucra são as transnacionais que
fabricam os agrotóxicos. A idéia do filme é mostrar à população
como estamos nos alimentando mal e perigosamente, por conta de um
modelo agrário perverso, baseado no agronegócio. >
http://tal.tv/video/o-veneno-esta-na-mesa
Nessa
sexta etapa tivemos também a presença de Domingos Armani,
representante da Cáritas Regional e da Cáritas França, que veio
conversar e avaliar o processo da Escola de Formação Fé, Política
e Trabalho.
A
próxima etapa
da Escola acontece nos dias 14
e 15 de setembro
e o tema será: “Democracia
participativa: políticas públicas e sociais, espaços
de participação e
controle social. A função dos conselhos paritários. Experiências
práticas dos
conselhos municipais, cooperativas, entidades e de ações sociais”,
com a assessoria da professora Dra.
Marilene Maia –
Unisinos.