14/11/2015

Movimento de mulheres católicas aprova tema da redação do Enem


Ana Clara Jovino
Adital
A prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) deste ano, no Brasil, que aconteceu nos últimos dias 24 e 25 de outubro, trouxe como tema da redação "A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”. Além disso, uma das questões da prova de Ciências Humanas também trouxe um texto da estudiosa e feminista francesa Simone de Beauvoir.

Reprodução
Simone de Beauvoir é tema de questão do Enem e causa polêmica.


Nas redes sociais da Internet, a prova está sendo considerada como "doutrinação feminista” por alguns. Outros internautas comemoraram o fato das questões terem sido colocadas em pauta na prova. Rosângela Talib, psicóloga e mestra em Ciências da Religião, membro da organização Católicas pelo Direito de Decidir, diz, em entrevista à Adital, ter ficado satisfeita com o exame deste ano, pois muitas pessoas que não levantavam a bandeira feminista passaram a refletir sobre o assunto. "É uma discussão social, não adianta vetar, está aí. É importante porque, há muito tempo, nós estamos trabalhando para que os índices de violência contra a mulher diminuam”, afirma.

Por outro lado, os deputados federais Jair Bolsonaro (Partido Progressista – PP – Rio de Janeiro) e Marcos Feliciano (Partido Social Cristão – PSC –São Paulo) usaram suas redes sociais para protestarem contra a questão da prova de Ciências Humanas, do primeiro dia do Exame. Esta trazia a frase "Não se nasce mulher, torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade”, de autoria da filósofa francesa Simone de Beauvoir. Os candidatos tinham que relacionar o pensamento da filósofa com o seu movimento social correspondente. Os parlamentares consideraram uma tentativa de "doutrinação”.

"Essa frase da filósofa Simone de Beauvoir é apenas uma opinião pessoal da autora, e me parece que a inserção desse texto, uma escolha ardilosa e discrepante do que se tem decidido sobre o que se deve ensinar aos nossos jovens”, escreveu Feliciano, em sua página do Facebook. O deputado, pastor evangélico, é nacionalmente conhecido por posturas homofóbicas, misóginas e racistas. Da mesma forma que Bolsonaro.
"Mais ou tão grave quanto a corrupção é a doutrinação imposta pelo PT junto à nossa juventude”, disse Bolsonaro em suas redes sociais. Além disso, ele acrescentou que o Enem seria o "Exame Nacional do Ensino Marxista”.

portalenem2015
Prova do Enem 2015 também causa polêmica ao trazer violência contra a mulher como tema da redação.


Segundo Rosângela Talib, a sociedade tem que se manifestar para combater a desigualdade de gênero e a violência contra a mulher, principalmente a violência sexual, e a prova do ENEM pode contribuir para isso. "As políticas existentes não levam em consideração nada, os parlamentares são levados por uma concepção religiosa, o que não representa toda a sociedade. As políticas públicas têm que avançar e não retroceder”, assinala, referindo-se a projetos de lei criados pelos parlamentares da bancada religiosa no Congresso Nacional.


O Enem
O Exame Nacional do Esino Médio (Enem) é uma prova elaborada pelo Ministério da Educação brasileiro com o objetivo de avaliar a qualidade do ensino médio no país. O resultado é utilizado como critério de seleção para os candidatos que pretendem concorrer a vagas em universidades públicas e/ou a bolsas no Programa Universidade para Todos (Prouni). É uma prova composta por 180 questões e uma redação, sendo dividida para ser realizada em dois dias.

Ana Clara Jovino

Especial para Adital.
http://site.adital.com.br/site/noticia.php?lang=PT&cod=87065&langref=PT&cat=

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