Com
o objetivo de estudar a história da formação dos partidos políticos,
compreendendo melhor a cultura política do povo brasileiro realizamos nos dias
19 e 20 de maio a terceira etapa da Escola de Fé, Política e Trabalho em sua
nona edição. Escola que é coordenada pela Cáritas Diocesana de Caxias do Sul
com o apoio do Instituto Humanitas Unisinos - IHU.
O
tema desta etapa foi Projetos Políticos para o Brasil e o nivelamento
programático dos partidos políticos e contou com a assessoria do professor Dr.
César Sanson da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Utilizando-se
do conceito da Grécia antiga onde a essência da política é o bem comum e que
exige virtudes (ética) de coragem, transparência, verdade, honestidade e
justiça colocadas em favor do coletivo melhorando a condição de vida dos mais
necessitados fomos estabelecendo relações com a vida política do Brasil a
partir do período de 1930 em que iniciamos o processo de industrialização com criação da CSN, CRVD, Petrobrás e outras grandes empresas estatais
além da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), passando por JK – cinqüenta
anos em cinco- e a construção de Brasília, o Golpe Militar de 1964 com o
milagre econômico da década de 1970 e o surgimento dos movimentos sociais.
Revisitamos o governo Sarney, Collor com o modelo de inserção competitiva no
mercado internacional através das normas regidas pelo neoliberalismo que foi incrementado
pelo governo de Fernando Henrique Cardoso com a venda de
estatais e o governo Lula através do projeto neodesenvolvementista que busca
uma mistura da era Vargas com JK.
O
grupo foi convidado a analisar apenas sete partidos: PT e PSDB por estarem no
poder nos últimos 18 anos; DEM e PSOL por serem representativos ideologicamente
no campo da direita e da esquerda; PMDB que gravita pelo poder por mais de 20
anos; PDT e PP por suas forças no Rio Grande do Sul.
A
análise permite perceber o nivelamento programático fruto da nossa ainda jovem
democracia de caráter representativa, onde algumas posições sobre soberania e
participação do Estado na vida econômica e social do país os diferenciam.
Vivemos
um momento difícil em termos de credibilidade dos partidos políticos e tendo
próximo de trinta partidos oficialmente registrados na Justiça Eleitoral
percebe-se que na sua maioria são partidos criados para atender necessidades
pessoais, longe das vontades populares, com comportamento ambíguo nas diversas
regiões do país: coligando com alguns em certos estados e declarando-se
inimigos ferozes em outros.
Fica
para nós a provocação inicial feita pelo professor César ao trazer o poema de
Bertolt Brecht, o Analfabeto Político:
“O
pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa
dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão,
do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões
políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que
odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a
prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político
vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.”
A
próxima etapa acontece nos dias 16 e 17 de junho e os temas serão: ‘Da alienação
à conscientização para uma prática transformadora da realidade’ com o professor
Dr. Pedrinho Guareschi - UFRGS e ‘O projeto de uma ética planetária’ com o
professor Dr. Luiz Carlos Susin – PUC-RS.
Texto: José Antônio Somensi (Zeca)
Fotos: Lisiane Zago, João Dorlan, Fernanda Seibel
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