Em
clima de suspense e ação, o documentário apresenta, os bastidores da participação do governo dos Estados
Unidos no golpe militar de 1964 que durou até 1985 e instaurou a
ditadura no Brasil. Pela primeira vez na televisão, documentos do
arquivo norte-americano, classificados durante 46 anos como Top Secret,
serão expostos ao público. Textos de telegramas, áudio de conversas
telefônicas, depoimentos contundentes e imagens inéditas fazem parte
dessa série iconográfica, narrada pelo jornalista Flávio Tavares.
O
mundo vivia a Guerra Fria quando os Estados Unidos começaram a
arquitetar o golpe para derrubar o governo de João Goulart. As
primeiras ações surgem em 1962, pelo então presidente John Kennedy. Os
fatos vão se descortinando, através de relatos de políticos, militares,
historiadores, diplomatas e estudiosos dos dois países. Depois do
assassinato de Kennedy, em novembro de 1963, o texano Lyndon Johnson
assume o governo e mantém a estratégia de remover Jango, apelido de
Goulart. O temor de que o país se alinharia ao comunismo e influenciaria
outros países da América Latina, contrariando assim os interesses dos
Estados Unidos, reforçaram os movimentos pró-golpe.
O filme mostra como os Estados Unidos agiram para planejar e criar as
condições para o golpe da madrugada de 31 de março. E, depois, para
sustentar e reconhecer o regime militar do governo do marechal Humberto
Castelo Branco. Envergando uma roupa civil, ele assume o poder em 15 de
abril. Castelo era chefe do Estado Maior do Exército de Jango.
O
governo norte-americano estava preparado para intervir militarmente,
mas não foi necessário, como ressaltam historiadores e militares. O
general Ivan Cavalcanti Proença, oficial da guarda presidencial, resume:
“Lamento que foi um golpe fácil demais. Ninguém assumiu o comando
revolucionário”.
Do
Brasil, duas autoridades americanas foram peças-chaves para bloquear as
ações de Goulart e apoiar Castelo Branco: o embaixador dos Estados
Unidos, Lincoln Gordon; e o general Vernon Walters, adido militar e que
já conhecia Castelo Branco. As cartas e o áudio dos diálogos de Gordon
com o primeiro escalão do governo americano são expostas. Entre os
interlocutores, o presidente Lyndon Johnson, Dean Rusk (secretário de
Estado), Robert McNamara (Defesa). Além de conversas telefônicas de
Johnson com George Reedy Dean Rusk; Thomas Mann (Subsecretário de Estado
para Assuntos Interamericanos) e George Bundy, assessor de segurança
nacional da Casa Branca, entre outros.
Foi
uma das mais longas ditaduras da América Latina. O general Newton Cruz,
que foi chefe da Agência Central do Serviço Nacional de Informações
(SNI) e ex-comandante militar do Planalto, conclui: “A revolução era
para arrumar a casa. Ninguém passa 20 anos para arrumar uma Casa”.
Em
1967, quem assume o Planalto é o general Costa e Silva, então ministro
da Guerra de Castelo. Da linha dura, seu governo consolida a
repressão. As conseqüências deste período da ditadura, seus meandros
políticos e ideológicos estarão na tela. Mortes, torturas,
assassinatos, violação de direitos democráticos e prisões arbitrárias
fazem parte desse período dramático da história.
O
jornalista Flávio Tavares, participou da luta armada, foi preso,
torturado e exilado político. Através da série, dirigida por seu filho
Camilo Tavares, ele explora suas vivências e lembranças. E mais: abre
uma nova oportunidade de reflexão sobre o passado.
O
Dia que durou 21 anos é uma coprodução da TV Brasil com a Pequi Filmes,
com direção de Camilo Tavares. Roteiro e entrevistas de Flávio e
Camilo.
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