28/08/2013

A economia solidária como alternativa à globalização econômica

Texto: Edília Santa Catarina Menin, José Antônio Somensi e Fernanda Seibel
Fotos: Fernanda Seibel

A sexta etapa da Escola de Formação Fé, Política e Trabalho 2013.ano 10, aconteceu nos dias 17 e 18 de agosto. A Escola é cordenada pelas Cáritas de Caxias do Sul, com o apoio do Instituto Humanitas Unisinis – IHU, e nessa etapa trouxe como temas “A economia solidária como alternativa à globalização econômica. Experiências práticas na serra gaúcha” e contou com a assessoria da professora Dra. Vera Regina Schmitz, da FACCAT – Faculdades Integradas de Taquara, e assessora em economia e cooperativismo para várias instituições.

Hoje o modelo capitalista governa em todos os espaços da Terra, modelo que sabemos ser excludente, individualista, competitivo e marcado pela propriedade privada, e a Economia Solidária contrasta com este modelo porque, como nos fala a professora Vera, propõe decisão coletiva-democrática, economia solidária com organização que privilegia o trabalho associativo, a cooperação e a autogestão e o respeito a natureza. 

A professora Vera trouxe além dos conceitos citados acima da Economia Solidária, vários exemplos de cooperativas e associações que surgiram a partir de situações de vulnerabilidades, marginalização, desemprego surgidos pela visão apenas do capital.

O pensamento cooperativista tem inicio no capitalismo industrial, e esteve presente nas lutas de resistência à revolução industrial nos séculos XIX e XX. Os primeiros pensadores do cooperativismo foram: Robert Owen (1771-1859), Carlos Fourier (1772-1837), Saint-Simon (1760-1825), Louis-Blane (1811-1822), Pierre Joseph Proudhon (1809-1865).

Assim, a economia solidária resgata o cooperativismo operário presente nas lutas de resistência da revolução industrial nos séculos XIX e XX.

Dessa forma, a economia solidária é o conjunto de atividades econômicas organizadas (produção, comercialização, finanças e consumo), e realizadas solidariamente por trabalhadores e trabalhadoras, com trabalho associado, com cooperação e autogestão.
 
Na visão do economista Paul Singer o ‘novo cooperativismo’ é a volta aos princípios onde se dá valor à democracia e a igualdade dentro de empreendimentos, a insistência na autogestão e o repúdio ao assalariamento. A Economia Solidária busca o equilíbrio entre o econômico e o social.

Ainda, os valores da economia solidária são os da autogestão, democracia, cooperação, solidariedade, respeito à natureza, promoção da dignidade e valorização do trabalho humano, tendo em vista um projeto de desenvolvimento sustentável.

Para ilustrar estas iniciativas estiveram conosco relatando suas experiências:
 
> o diretor executivo da Federação das Cooperativas do Vinho – Fecovinhohttp://www.fecovinho.com.br/, Hélio Marchioro, afirmando que a entidade fundada em 22 de novembro de 1952, tem sede em Farroupilha, e congrega 11 Cooperativas filiadas, com o fim de tornar real, ações que visem à capacitação, a discussão e o aprofundamento do debate que envolve as questões vitivinícolas, na perspectiva da geração de trabalho e renda de uma parcela importante de agricultores familiares cooperativados;


> o representante da AECIA – Cooperativa Aecia de Agricultores Ecologistas - http://www.aecia.com.br/, Gilmar Bellé, que explicou o histórico da Cooperativa, com o inicio do agricultura ecológica na região de Antonio Prado, com estudos da engenheira Maria Guazzeli, e com apoio do Pe. Schio e do Pe. Remi. Ainda, destacou o compromisso da associação de trabalhar em prol de uma vida mais saudável, uma sociedade mais justa e pela preservação ambiental;



> duas representantes da Associação de Recicladores Serrano, de Caxias do Sul, explicaram sobre a organização da associação, que iniciou em 1998, e cria alternativa de trabalho e renda para 25 pessoas associadas, em sua maioria com idade avançada e sem escolarização;

> o Presidente da Cooptel - Cooperativa Gaúcha de Hotéis e Turismo Ltda. - www.cooptel.com.br, João Andreis, que disse ser a primeira cooperativa de hotel no Brasil, iniciada em 2003, e explicou sobre a organização da cooperativa de trabalhadores e trabalhadoras que assumiram a administração do antigo hotel 'Alfredinho', sendo que atualmente são 20 pessoas cooperadas.




Também tivemos a apresentação da Associação de Microcrédito Popular e Solidário - ACREDISOL / RS http://acredisol.blogspot.com.br/, que surgiu da iniciativa dos participantes da Escola em 2007, inspirados na prática transformadora de Muhammad Yunnus (Prêmio Nobel da Paz 2006) na Índia, tendo sido fundada em 08/12/2007.

Ainda, a professora Vera, relatou a existência das entidades de apoio a economia solidária, como Cáritas, Igrejas e Pastorais, organizações não governamentais e incubadoras de economia solidária ligadas a universidades.

A economia solidária também se organiza e articula no Fórum Brasileiro de Economia Solidária, ecistindo instâncias municipal, regional, estadual e nacional; nas cadeias produtivas; nas redes.

A assessora também abordou as tecnologias sociais, que viabiliza economicamente os empreendimentos, de forma orientada para o mercado interno, promove a participação coletiva, e é geradora de trabalho e renda.

Foram apresentados alguns documentários:
> Recicladores Vale dos Sinos – do Coletivo Catarse para o Fórum de Recicladores do Vale do Sinos > https://www.youtube.com/watch?v=4EzWMkwVCO0
> O veneno está na mesa, do diretor Silvio Tendler, apresentando que o Brasil é o país do mundo que mais consome agrotóxicos: 5,2 litros/ano por habitante. Muitos desses herbicidas, fungicidas e pesticidas que consumimos estão proibidos em quase todo mundo pelo risco que representam à saúde pública. O perigo é tanto para os trabalhadores, que manipulam os venenos, quanto para os cidadãos, que consumem os produtos agrícolas. Só quem lucra são as transnacionais que fabricam os agrotóxicos. A idéia do filme é mostrar à população como estamos nos alimentando mal e perigosamente, por conta de um modelo agrário perverso, baseado no agronegócio. > http://tal.tv/video/o-veneno-esta-na-mesa
> A Revolução dos cocos > http://www.youtube.com/watch?v=BxSLzB3V6gs


Nessa sexta etapa tivemos também a presença de Domingos Armani, representante da Cáritas Regional e da Cáritas França, que veio conversar e avaliar o processo da Escola de Formação Fé, Política e Trabalho.


A próxima etapa da Escola acontece nos dias 14 e 15 de setembro e o tema será: Democracia participativa: políticas públicas e sociais, espaços de participação e controle social. A função dos conselhos paritários. Experiências práticas dos conselhos municipais, cooperativas, entidades e de ações sociais”, com a assessoria da professora Dra. Marilene Maia – Unisinos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário