20/07/2014

A crise contemporânea e as metamorfoses no mundo do trabalho

Texto: José Antônio Somensi e M. Fernanda M. Seibel
Fotos: M. Fernanda M. Seibel



Nos dias 19 e 20 de julho de 2014, no Centro Diocesano de Pastoral realizou-se a 5ª etapa da Escola de Formação Fé, Política e Trabalho 2014.ano 11, da Diocese de Caxias do Sul – décima edição – que tem a coordenação da Cáritas de Caxias do Sul e que conta com apoio do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
 

O tema desta etapa foi "A crise contemporânea e as metamorfoses no mundo do trabalho. A globalização econômica e suas repercussões: desemprego, precarização, terceirização, flexibilização, desregulamentação das leis. Impasses e desafios do novo sindicalismo. Análise de conjuntura", com assessoria do professor Dr. André Langer (CEPAT - Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores e Faculdade Vicentina. – Curitiba). 

Quais as mudanças, transformações, metamorfoses que aconteceram no mundo do trabalho e porque ocorreram estas mudanças? Com estes questionamentos iniciamos o nosso encontro e vimos que esta Terceira Grande Revolução Tecnológica simbolizada na eletroeletrônica trouxe novas técnicas de produção, a robótica e aumento de produtividade encurtando e eliminando a noção de tempo-espaço. A globalização da informação e os mecanismos de poder que permitem vasculhar a vida das pessoas; a financeirização da sociedade onde os movimentos de pequenos grupos movimentam a economia e qualquer oscilação nas bolsas de valores determinam o fechamento de empresas e abalam as estruturas de um pais. 

Diante das mudanças no mundo do trabalho nas últimas décadas, fomos entrando na história do mundo do trabalho e relacionando os acontecimentos e assimilando os termos tais como: fordismo, toyotismo, sociedade industrial.


O professor André nos lembra que vivemos uma grande crise civilizacional onde o mundo do trabalho não cria mais elos entre colegas, solidariedade e sim competição, alimentados pelas premiações individuais. Com a terceirização enfraquece-se a unidade de lutas e a força dos sindicatos, uma vez que, nas grandes empresas pode ter mais de uma dezena de categorias de trabalhadores (zeladores, seguranças, limpeza, alimentação...) e desta forma perde-se o referencial. Exigem-se conhecimentos do trabalhador através de cursos e grupos de estudo e disponibilidade mesmo fora do horário de trabalho. O trabalho tomou conta de nossas vidas e exerce poder sobre nós numa das características do biopoder.

André nos traz também o alerta de que o imaterial (marca de um produto) assume cada vez mais espaço no mundo, o que vale não é mais o trabalho humano, mas a marca do produto na maioria das vezes produzido por valores mínimos, porém comercializados por valores altíssimos. 

Assim, percebemos que estas mudanças não foram benéficas para toda a população porque temos trabalho escravo, desemprego, mudanças de leis para atender determinadas necessidades do capital.

Foram discutidas as entrevistas publicadas na Revista IHU - On Line:

> A condição de insegurança é a regra do mundo do trabalho, hoje - entrevista com Ruy Braga > Revista IHU - On Line: https://drive.google.com/file/d/0B_2nfmpfqzwAZFFoU0dtUjdMdkk/edit?usp=sharing

> "Afirmar que a terceirização gera emprego é um mito" - entrevista com Ana Tércia Sanches > Revista IHU - On Line:
https://drive.google.com/file/d/0B_2nfmpfqzwAaWFfdWgzejROX0E/edit?usp=sharing


> Formalização e flexibilização – avanços e retrocessos no mundo do trabalho - entrevista com José Dari Krein > Revista IHU - On Line: https://drive.google.com/file/d/0B_2nfmpfqzwAZm5GdTFHREV2eDg/edit?usp=sharing


> O trabalho mediado pelas inovações tecnológicas. Impactos e desafios, entrevista com Mário Sergio Salerno > Revista IHU - On Line: https://drive.google.com/file/d/0B_2nfmpfqzwAaXhHMWVfYWpLejQ/edit?usp=sharing




E, ainda assistimos o documentário sobre os trabalhadores/as bolivianos/as em São Paulo: NAÇÃOOCULTA - Os bolivianos em São Paulo, dirigido por Diego Arraya. E, também assistimos o filme CARNE,OSSO - Um retrato do trabalho nos frigoríficos brasileiros, que alia imagens impactantes a depoimentos que caracterizam o duro cotidiano do trabalho nos frigoríficos brasileiros de abate de aves, bovinos e suínos. 

Durante a etapa, o Professor Dr. André Langer sugeriu alguns livros paraleitura complementar: A corrosão do caráter, de Richard Sennett (Editora Record), A condição pós-moderna, de David Harvey (Edições Loyola), Amor líquido, de Zygmunt Bauman (Editora Jorge Zahar), e Modernidade Líquida, de Zygmunt Bauman (Editora: Jorge Zahar). Também os livros de Marcio Pochmann (O emprego no desenvolvimento da nação, O emprego na globalização, Nova classe média, O mito da grande classe média), e de David Harvey (O enigma do capital, Para entender 'O capital' e Os limites ao capital). Ainda, indicou o livro O novo espírito do capitalismo, de Luc Boltanski e Ève Chiapello. E, também livros de Andre Gorz (Miséria do presente, riqueza de lo possível; Capitalismo, Socialismo, Ecología; Metamorfósis del trabajo, demanda del sentido; La ecología como política; Estrategia obrera y neocapitalismo; Crítica de la razón económica; División del trabajo: el proceso laboral y la lucha de clases en el capitalismo moderno; Caminos al paraiso: hacia la liberación del trabajo.

Indicações de filmes sobre o tema:
> ‘Tempos Modernos’ de Charles Chaplin, que mostra a situação vivida pela sociedade depois da crise de 1929 e percebemos que o trabalhador representado é o trabalhador especializado, repetitivo e chato, e a velocidade, a rapidez, é um comando que vem de fora, que agiliza a esteira, e assim os trabalhadores/as perderam controle sobre o tempo. Ainda, a voracidade com que se ditava o ritmo de trabalho na esteira continua presente hoje de forma mais sofisticada. Isso nos faz refletir sobre o que mudou no modo de trabalhar e também de que forma e ritmo está trabalhando.
“Trabalho Interno”, de 2010, que se divide em seis partes: Introdução, 1ª Parte: Como os EUA Chegaram a Crise, 2ª Parte: A Bolha, 3ª Parte: A Crise, 4ª Parte: Prestação de Contas, 5ª Parte: Onde Estamos Agora?. E, segundo o professor Dr. André Langer, ao comentar o documentário: "O 'mercado' é feito por relações sociais, relações humanas, e por isso podem ser modificadas.".


Como reflexão - subjetividade:
O que a partir dessas reflexões, podemos recolher como desafios, perspectivas, cultivos, para minha vida, para meu trabalho?


 

Curso 2014.ano11A próxima etapa será nos dias 16 e 17 de agosto e terá como tema  “A economia solidária como alternativa à globalização econômica. Experiências práticas na Serra Gaúchae terá a assessoria da professora Dra. Vera Regina Schmitz (FACCAT - Faculdades Integradas de Taquara e ESCOOP - Faculdade de Tecnologia do Cooperativismo).

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