17/08/2014

A economia solidária como alternativa à globalização econômica

Texto: Edília Santa Catarina Menin, José Antônio Somensi e M. Fernanda M. Seibel


Foto: M. Fernanda M. Seibel
A sexta etapa da Escola de Formação Fé, Política e Trabalho 2014.ano 11, aconteceu nos dias 16 e 17 de agosto. A Escola é coordenada pelas Cáritas de Caxias do Sul, com o apoio do Instituto Humanitas Unisinis – IHU, e nessa etapa trouxe como tema “A economia solidária como alternativa à globalização econômica. Experiências práticas” e contou com a assessoria da professora Dra. Vera Regina Schmitz, da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

Hoje o modelo capitalista governa em todos os espaços da Terra, modelo que sabemos ser excludente, individualista, competitivo e marcado pela propriedade privada, e a Economia Solidária contrasta com este modelo porque, como nos fala a professora Vera, propõe decisão coletiva-democrática, economia solidária com organização que privilegia o trabalho associativo, a cooperação e a autogestão e o respeito a natureza. 
Foto: Branca Sólio
A professora Vera trouxe além dos conceitos citados acima da Economia Solidária, vários exemplos de cooperativas e associações que surgiram a partir de situações de vulnerabilidades, marginalização, desemprego surgidos pela visão apenas do capital.

O pensamento cooperativista tem inicio no capitalismo industrial, e esteve presente nas lutas de resistência à revolução industrial nos séculos XIX e XX. Os primeiros pensadores do cooperativismo foram: Robert Owen (1771-1859), Carlos Fourier (1772-1837), Saint-Simon (1760-1825), Louis-Blane (1811-1822), Pierre Joseph Proudhon (1809-1865).

Assim, a economia solidária resgata o cooperativismo operário presente nas lutas de resistência da revolução industrial nos séculos XIX e XX.

Dessa forma, a economia solidária é o conjunto de atividades econômicas organizadas (produção, comercialização, finanças e consumo), e realizadas solidariamente por trabalhadores e trabalhadoras, com trabalho associado, com cooperação e autogestão.

Na visão do economista Paul Singer o ‘novo cooperativismo’ é a volta aos princípios onde se dá valor à democracia e a igualdade dentro de empreendimentos, a insistência na autogestão e o repúdio ao assalariamento. A Economia Solidária busca o equilíbrio entre o econômico e o social.

Ainda, os valores da economia solidária são os da autogestão, democracia, cooperação, solidariedade, respeito à natureza, promoção da dignidade e valorização do trabalho humano, tendo em vista um projeto de desenvolvimento sustentável.

Foto: Branca Sólio
A Sra. Nelsa Nespolo, Diretora de Economia Solidária no DIFESOL (Departamento de Incentivo e Fomento à Economia Solidária), da SESAMPE (Secretaria da Economia Solidária e Apoio à Micro e Pequena Empresa), do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, apresentou as políticas públicas para a economia solidária existentes no Rio Grande do Sul. Entre os projetos, citou a Cadeia Solidária Binacional do PET, que pretende consolidar uma cadeia produtiva no setor de reciclagem da garrafa PET, contribuindo para a geração de uma maior renda aos trabalhadores envolvidos no processo de transformação do PET em flake, depois em fibra e, por último, em tecido. (http://www.sesampe.rs.gov.br/?model=conteudo&menu=283). Também citou as cadeias produtivas do peixe e das frutas nativas. 
 
Foto: Branca Sólio                                                                                                                                                              Foto: Branca Sólio










Ainda, para ilustrar estas iniciativas estiveram conosco relatando suas experiências:
> a Presidente da Associação de Recicladores Interbairros, Eva, explicou sobre a organização da associação, que iniciou em 1997, e atualmente cria alternativa de trabalho e renda para aproximadamente 10 pessoas associadas;

> o ex-Presidente da representante da
Associação de Recicladores Serrano, Luis; explicou sobre a organização da associação, que iniciou em 1998, e cria alternativa de trabalho e renda para aproximadamente 30 pessoas associadas;
Foto: M. Fernanda M. Seibel
 





   
Fotos: Branca Sólio  

> Presidente da Cooptel - Cooperativa Gaúcha de Hotéis e Turismo Ltda., João Andreis (primeira cooperativa de hotel no Brasil), e explicou sobre a organização da cooperativa de trabalhadores e trabalhadoras que assumiram a administração do antigo hotel 'Alfredinho' – http://coophotel.blogspot.com.br/;

> o cooperado da
Ecocitrus – Cooperativa dos Citricultores Ecológicos do Vale do Caí, João, que explicou o histórico da Cooperativa, a produção ecológica e biodinâmica, e a organização da cooperativa - http://www.ecocitrus.com.br/;

> a
Associação de Microcrédito Popular e Solidário - ACREDISOL / RS que surgiu de uma iniciativa de alunos desta escola em 2007, e foi fundada em 08/12/2007 por alunos e ex-alunos da Escola de Formação Fé, Política e Trabalho, inspirados na prática transformadora de Muhammad Yunnus (Prêmio Nobel da Paz 2006) na Índia - http://acredisol.blogspot.com.br/. Ficha de Associado-a da ACREDISOL:
https://drive.google.com/folderview?id=0ByrA1-J2C5RXQzluZlRwVmNmZ28&usp=sharing

Ademais, a professora Vera, relatou a existência das entidades de apoio a economia solidária, como Cáritas, Igrejas e Pastorais, organizações não governamentais e incubadoras de economia solidária ligadas a universidades.

A economia solidária também se organiza e articula no Fórum Brasileiro de Economia Solidária, existindo instâncias municipal, regional, estadual e nacional; nas cadeias produtivas; nas redes.

Esclarecendo que o FBES, Fórum Brasileiro de Economia Solidária
http://www.fbes.org.br/, está organizado em todo o país em mais de 160 Fóruns Municipais, Microrregionais e Estaduais, envolvendo diretamente mais de 3.000 empreendimentos de economia solidária, 500 entidades de assessoria, 12 governos estaduais e 200 municípios pela Rede de Gestores em Economia Solidária. E, que o FBES é fruto do processo histórico que culminou no I Fórum Social Mundial (I FSM), que contou com a participação de 16 mil pessoas vindas de 117 países, nos dias 25 a 30 de janeiro de 2001. Dentre as diversas oficinas, que promoviam debates e reflexões, 1.500 participantes acotovelam-se na oficina denominada “Economia Popular Solidária e Autogestão” onde se tratava da auto-organização dos/as trabalhadores/as, políticas públicas e das perspectivas econômicas e sociais de trabalho e renda.
 

A assessora também abordou as tecnologias sociais, que viabiliza economicamente os empreendimentos, de forma orientada para o mercado interno, promove a participação coletiva, e é geradora de trabalho e renda. 
 
Foto: M. Fernanda M. Seibel
Assistimos o documentário Encontro com Milton Santos ou O mundo global visto do lado de cá (http://www.youtube.com/watch?v=-UUB5DW_mnM), do cineasta brasileiro Sílvio Tendler, que discute os problemas da globalização e do globalitarismo. E, também o vídeo Cadeias Produtivas na Economia Solidária (https://www.youtube.com/watch?v=Y_YMBUyk3_k).

Ainda, tivemos a participação do Prof. Laurício Neumann, com seu acompanhamento e apoio constantes durante o todo curso.

A próxima etapa da ocorrerá nos dias 20 e 21 de setembro e o tema será: “Democracia participativa: políticas públicas e sociais, espaços de participação e controle social. A função dos conselhos paritários”, com a assessoria da professora Dra. Marilene Maia – Unisinos.

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Saites:

O FBES, Fórum Brasileiro de Economia Solidária




DIFESOL (Departamento de Incentivo e Fomento à Economia Solidária), da SESAMPE (Secretaria da Economia Solidária e Apoio à Micro e Pequena Empresa), do Governo do Estado do Rio Grande do Sulhttp://www.sesampe.rs.gov.br/?model=conteudo&menu=108


Livro:
O Prof. Laurício Neumann sugeriu o filme A FORÇA DO POVO que registra a prática de uma administração municipal com a participação da comunidade na busca de soluções criativas e apropriadas à realidade local. Os protagonistas de Lages são os contadores de causos, músicos, trovadores e artesãos das "mostras do campo", jovens e adultos que participam dos encontros culturais, o pessoal das associações de moradores, dos núcleos agrícolas, das hortas comunitárias, agentes que fazem funcionar o programa de medicina comunitária, pessoas que constroem suas casas em mutirão e recolhem doações de materiais, crianças e professores que vivem uma nova pedagogia, pequenos comerciantes que se organizam numa associação, o grupo de teatro de bonecos Gralha Azul e um fazendeiro que critica esta opção administrativa comunitária. O livro A FORÇA DO POVO pode ser acessado em: https://drive.google.com/file/d/0B_2nfmpfqzwAcENhZFdOelktQ0U/edit?usp=sharing.


Documentários:


Encontro com Milton Santos ou O mundo global visto do lado de cáVídeo: http://www.youtube.com/watch?v=-UUB5DW_mnM
Documentário do cineasta brasileiro Sílvio Tendler, discute os problemas da globalização e do globalitarismo.
Milton Santos foi um dos intelectuais mais importantes do país e também foi o maior geógrafo brasileiro. Escreveu mais de 40 livros. Publicou seu trabalho na França, na Inglaterra, nos Estados Unidos, no Canadá, no Japão, em Portugal e na Espanha. Deu aula nas principais universidades do mundo. Recebeu prêmios e foi o único pensador, fora do mundo anglo-saxão, a ganhar o Vautrim Lud, uma espécie de Nobel da Geografia.
Durante toda a sua vida acadêmica, Milton Santos buscou agregar a Geografia às contribuições de outras disciplinas: Economia, Sociologia, História, Filosofia. Nos últimos anos de vida, seu trabalho mostrava uma clara preocupação com a Globalização. Crítico dos processos econômicos que excluíam as nações mais pobres, Milton Santos acreditava num mundo mais humano, mais solidário e justo.



O Banqueiro dos Humildes


(Le Banquier des humbles, Índia/França, 2000). - De Amirul Arham.  

https://www.youtube.com/watch?v=Md12zaRCCnA


Documentário. Duração 52’. Vida Social. - Em Bangladesh, Muhammed Yunus, economista de renome, aceitou o desafio de só conceder empréstimos aos pobres, sem preconceitos econômicos ou políticos. Criou, assim, o primeiro banco de micro-crédito, o Grameen Bank. O princípio é simples: permitir que os mais desfavorecidos e em particular as mulheres possam ter acesso ao capital para financiar suas atividades. Esta formidável revolução silenciosa afeta milhões de indivíduos, reinventando duravelmente a relação entre o banqueiro e os seus clientes. Sondagem sobre um homem notável, este documentário oferece uma mensagem de esperança: e se a miséria deixasse de ser uma fatalidade?




O veneno está na mesa
Documentário do diretor Silvio Tendler, apresentando que o Brasil é o país do mundo que mais consome agrotóxicos: 5,2 litros/ano por habitante. Muitos desses herbicidas, fungicidas e pesticidas que consumimos estão proibidos em quase todo mundo pelo risco que representam à saúde pública. O perigo é tanto para os trabalhadores, que manipulam os venenos, quanto para os cidadãos, que consumem os produtos agrícolas. Só quem lucra são as transnacionais que fabricam os agrotóxicos. A idéia do filme é mostrar à população como estamos nos alimentando mal e perigosamente, por conta de um modelo agrário perverso, baseado no agronegócio.



Outros vídeos:

A revolução dos côcos




Tecnologias sociais para finanças solidárias




Justa Trama






Revolução do Consumo




Cadeias Produtivas na Economia Solidária
 https://www.youtube.com/watch?v=Y_YMBUyk3_k



Coopeserrana - Caixa Melhores Práticas em Gestão Local 2005/06  
https://www.youtube.com/watch?v=bWk1cTcYWg0

Ecocitrus – Cooperativa dos Citricultores Ecológicos do Vale do Caí

Indústria de Sucos e Óleos Essenciais Orgânicos da Ecocitrus 

 https://www.youtube.com/watch?v=dkkdr4s4sl4

Entenda melhor como a Ecocitrus produz o biogás - GNVerde
 

https://www.youtube.com/watch?v=ZWX7D-Y9YD0

Ecocitrus no PROBIOGÁS - Parceria entre Brasil e Agência Alemã de Cooperação Internacional -- GIZ
https://www.youtube.com/watch?v=X6a13BSiQhQ



Fórum de Recicladores do Vale do Sinos


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