19/11/2016

Marcos Bagno

Marcos Bagno, O polêmico linguista
Parte 1
https://www.youtube.com/watch?v=DJwsCHvPIPs

Marcos Bagno, O polêmico linguista
Parte 2
https://www.youtube.com/watch?v=dh5Kl4zM96M

TV Senado 27/04/2012. O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa ainda não foi plenamente destituído de polêmicas e já surge uma nova proposta gramatical: a "Gramática Pedagógica do Português Brasileiro". Elaborada pelo escritor e filólogo Marcos Bagno, ela traz peculiaridades que a língua adquire na convivência com a nossa gente.
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Preconceito lingüístico - o que é, como se faz
Marcos Bagno
https://escrevivencia.files.wordpress.com/2014/03/marcos-bagno-preconceito-lingc3bcc3adstico.pdf

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"Gente, a prova de Língua Portuguesa do ENEM 2015 está um PRIMOR absoluto. Parabéns mil vezes às pessoas que a elaboraram! Fico feliz principalmente porque o tema variação linguística é tratado de forma bem dosada e bem fundamentada. Textos muitíssimo bem selecionados. Amei, amei, amei!!" Marcos Bagno
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Pedagogia da variação linguística: língua, diversidade e ensino Parábola Editorial

Autores: Marcos Bagno - Lucia F. Mendonça Cyranka - Débora Karam Galarza - Silvana R. Nascimento Agostinho - Izete Lehmkuhl Coelho - Luciene Juliano Simões - Simone Mendonça Soares - Dorotea Frank Kersch - César Augusto González - Afranio Gonçalves Barbosa - Marilda C. Cavalcanti
Organizadores: Carlos Alberto Faraco - Ana Maria Stahl Zilles
O objetivo é oferecer aos educandos a possibilidade de compreenderem a heterogeneidade linguística da sociedade em que vivem, situarem nela as variedades ditas cultas, prepararem-se para seu domínio e, acima de tudo, superarem criticamente qualquer atitude preconceituosa.

http://parabolaeditorial.com.br/loja/par%C3%A1bola/pedagogia-da-varia%C3%A7%C3%A3o-lingu%C3%ADstica-l%C3%ADngua,-diversidade-e-ensino-detail.html
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Língua Portuguesa

Presidenta, sim!

O Brasil ainda está longe da feminização da língua ocorrida em outros lugares. Dilma Rousseff adotou a forma "presidenta", que assim seja chamada. Por Marcos Bagno
por Marcos Bagno — publicado 11/01/2011 07h58, última modificação 11/01/2011 13h23


O Brasil ainda está longe da feminização da língua ocorrida em outros lugares. Dilma Rousseff adotou a forma "presidenta", que assim seja chamada
Se uma mulher e seu cachorro estão atravessando a rua e um motorista embriagado atinge essa senhora e seu cão, o que vamos encontrar no noticiário é o seguinte: “Mulher e cachorro são atropelados por motorista bêbado”. Não é impressionante? Basta um cachorro para fazer sumir a especificidade feminina de uma mulher e jogá-la dentro da forma supostamente “neutra” do masculino. Se alguém tem um filho e oito filhas, vai dizer que tem nove filhos. Quer dizer que a língua é machista? Não, a língua não é machista, porque a língua não existe: o que existe são falantes da língua, gente de carne e osso que determina os destinos do idioma. E como os destinos do idioma, e da sociedade, têm sido determinados desde a pré-história pelos homens, não admira que a marca desse predomínio masculino tenha sido inscrustada na gramática das línguas. 
Somente no século XX as mulheres puderam começar a lutar por seus direitos e a exigir, inclusive, que fossem adotadas formas novas em diferentes línguas para acabar com a discriminação multimilenar. Em francês, as profissões, que sempre tiveram forma exclusivamente masculina, passaram a ter seu correspondente feminino, principalmente no francês do Canadá, país incomparavelmente mais democrático e moderno do que a França. Em muitas sociedades desapareceu a distinção entre “senhorita” e “senhora”, já que nunca houve forma específica para o homem não casado, como se o casamento fosse o destino único e possível para todas as mulheres. É claro que isso não aconteceu em todo o mundo, e muitos judeus continuam hoje em dia a rezar a oração que diz “obrigado, Senhor, por eu não ter nascido mulher”. 
Agora que temos uma mulher na presidência da República, e não o tucano com cara de vampiro que se tornou o apóstolo da direita mais conservadora, vemos que o Brasil ainda está longe da feminização da língua ocorrida em outros lugares. Dilma Rousseff adotou a forma presidenta, oficializou essa forma em todas as instâncias do governo e deixou claro que é assim que deseja ser chamada. Mas o que faz a nossa “grande imprensa”? Por decisão própria, com raríssimas exceções, como CartaCapital, decide usar única e exclusivamente presidente. E chovem as perguntas das pessoas que têm preguiça de abrir um dicionário ou uma boa gramática: é certo ou é errado? Os dicionários e as gramáticas trazem, preto no branco, a forma presidenta. Mas ainda que não trouxessem, ela estaria perfeitamente de acordo com as regras de formação de palavras da língua. 
Assim procederam os chilenos com a presidenta Bachelet, os nicaraguenses com a presidenta Violeta Chamorro, assim procedem os argentinos com a presidenta Cristina K. e os costarricenses com a presidenta Laura Chinchilla Miranda. Mas aqui no Brasil, a “grande mídia” se recusa terminantemente a reconhecer que uma mulher na presidência é um fato extraordinário e que, justamente por isso, merece ser designado por uma forma marcadamente distinta, que é presidenta. O bobo-alegre que desorienta a Folha de S.Paulo em questões de língua declarou que a forma presidenta ia causar “estranheza nos leitores”. Desde quando ele conhece a opinião de todos os leitores do jornal? E por que causaria estranheza aos leitores se aos eleitores não causou estranheza votar na presidenta? 
Como diria nosso herói Macunaíma: “Ai, que preguiça...” Mas de uma coisa eu tenho sérias desconfianças: se fosse uma candidata do PSDB que tivesse sido eleita e pedisse para ser chamada de presidenta, a nossa “grande mídia” conservadora decerto não hesitaria em atender a essa solicitação. Ou quem sabe até mesmo a candidata verde por fora e azul por dentro, defensora de tantas ideias retrógradas, seria agraciada com esse obséquio se o pedisse. Estranheza? Nenhuma, diante do que essa mesma imprensa fez durante a campanha. É a exasperação da mídia, umbilicalmente ligada às camadas dominantes, que tenta, nem que seja por um simples -e no lugar de um -a, continuar sua torpe missão de desinformação e distorção da opinião pública. 
Marcos Bagno é professor de Linguística na Universidade de Brasília.
http://www.cartacapital.com.br/politica/presidenta-sim

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