Texto:
José Antônio Somensi
Fotos:
M. Fernanda M. Seibel
Nos
dias 20 e 21 de julho de 2012 no Centro Diocesano de Pastoral
realizou-se a quinta etapa da Escola de Formação Fé, Política
e Trabalho 2013.ano 10, da Diocese de Caxias do Sul – décima
edição – que tem a coordenação da Cáritas de Caxias do Sul e
que conta com apoio do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
O
tema desta etapa foi “A Crise contemporânea e as metamorfoses
no mundo do trabalho” e teve a assessoria do professor Dr.
André Langer do Centro de Pesquisa e Apoio ao Trabalhadores
(CEPAT), de Curitiba / PR.
Quais
as mudanças, transformações, metamorfoses que aconteceram no mundo
do trabalho e porque ocorreram estas mudanças? Com estes
questionamentos iniciamos o nosso encontro e vimos que esta Terceira
Grande Revolução Tecnológica simbolizada na eletroeletrônica
trouxe novas técnicas de produção, a robótica e aumento de
produtividade encurtando e eliminando a noção de tempo-espaço. A
globalização da informação e os mecanismos de poder que
permitem vasculhar a vida das pessoas; a financeirização da
sociedade onde os movimentos de pequenos grupos movimentam a
economia e qualquer oscilação nas bolsas de valores determinam o
fechamento de empresas e abalam as estruturas de um pais.
O
professor André nos lembra que vivemos uma grande crise
civilizacional onde o mundo do trabalho não cria mais elos entre
colegas, solidariedade e sim competição, alimentados pelas
premiações individuais. Com a terceirização enfraquece-se
a unidade de lutas e a força dos sindicatos, uma vez que, nas
grandes empresas pode ter mais de uma dezena de categorias de
trabalhadores ( zeladores, seguranças, limpeza, alimentação...) e
desta forma perde-se o referencial. Exigem-se conhecimentos do
trabalhador através de cursos e grupos de estudo e disponibilidade
mesmo fora do horário de trabalho. O trabalho tomou conta de nossas
vidas e exerce poder sobre nós numa das características do
biopoder.
André
nos traz também o alerta de que o imaterial (marca de um
produto) assume cada vez mais espaço no mundo, o que vale não é
mais o trabalho humano, mas a marca do produto na maioria das vezes
produzido por valores mínimos, porém comercializados por valores
altíssimos.
O
filme ‘TEMPOS
MODERNOS’ de Charles Chaplin, com
sua clássica passagem do trabalhador na esteira, nos faz refletir
sobre o que mudou no modo de trabalhar e também de que forma e ritmo
está trabalhando.
E,
ainda assistimos o documentário sobre os trabalhadores/as
bolivianos/as em São Paulo: NAÇÃO
OCULTA - Os bolivianos em São Paulo, dirigido por Diego Arraya.
E, também assistimos o filme CARNE,
OSSO - Um retrato do trabalho nos frigoríficos brasileiros, que
alia imagens impactantes a depoimentos que caracterizam o duro
cotidiano do trabalho nos frigoríficos brasileiros de abate de aves,
bovinos e suínos.
O
professor André, que é um dos responsáveis pela análise
de conjuntura realizada
pelo Instituto Humanitas –
IHU, também apresentou uma
análise
sobre os recentes acontecimentos no Brasil. Ao
analisar
as
manifestações no mês de junho, com a 'multidão' que foi as ruas
(que é descentralizada, autônoma, e questiona o 'status quo'
geral), manifestando uma nova modalidade de poder
e as
manifestações de julho, com os sindicatos, movimentos sociais
organizados
e
partidos políticos
que
devem fazer autocrítica
representa,
no dizer de André,
o
retorno da política a praça pública.
Durante
a etapa, o Professor Dr. André Langer sugeriu alguns livros para
leitura complementar: A corrosão do caráter, de Richard
Sennett (Editora Record), A condição pós-moderna, de David
Harvey (Edições Loyola), Amor líquido, de Zygmunt Bauman
(Editora Jorge Zahar), e Modernidade Líquida, de Zygmunt
Bauman (Editora: Jorge Zahar).
A
próxima
etapa
será nos dias
17 e 18 de agosto
e terá como tema “A
economia solidária como alternativa à globalização econômica.
Experiências práticas na Serra Gaúcha” e
terá a assessoria da professora Dra.
Vera Regina Schmitz
– Faculdades
Integradas de Taquara (FACCAT).
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