coordenador do Projeto Pe. Ezequiel da
Diocese de Ji-Paraná:
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Era
um dia 24 de
julho, como hoje, há 28 anos!
José Aparecido de
Oliveira, leigo
Dentro de um
silêncio
muito profundo, está passando o dia 24 de julho. Certamente,
muitas
pessoas estão se lembrando que em um dia como hoje, em 1985,
tombou
por terra o corpo e silenciou a voz do jovem, padre, italiano,
missionário comboniano, Ezequiel Ramin. Tombado e silenciado
por
defender a vida e uma terra sem cercas para os pequenos. Sua
entrega
foi plena pela causa dos pobres – indígenas e sem terra – pela
causa do Evangelho, pela causa do Reino anunciado e inaugurado
por
Jesus de Nazaré.
O tempo do padre
Ezequiel, nesta terra, foi como no tempo de Jesus e no tempo
dos
profetas. Ele veio para o Brasil, em missão de paz, e uma paz
libertadora precedida de justiça transformadora em favor dos
pobres.
Foi a voz que ressoou em um deserto verde, de uma
Amazônia-mãe,
bendita e martirizada pela ganância e exploração dos ídolos do
capital. Um “deserto” de poucas vozes proféticas. Sua voz era
de
anúncio e de denúncia, por estar em uma Diocese que nasceu com
esta
vocação profética. Uma Igreja pastora, zelosa e protetora do
rebanho, contra os “lobos” ferozes.
Sem dúvidas, o Padre
Ezequiel era um amante e apaixonado pela terra. Tanto é
verdadeiro
esse pensamento, que seu corpo permaneceu desde o meio dia do
dia 24
até quase o meio dia do dia 25 de julho, estendido sobre a
terra.
Terra dos sonhos daquele jovem missionário que quis vir para o
Brasil; terra da Amazônia brasileira; terra que já havia
provado
sangue e suor de muita gente. E foi esta terra, com sua
floresta que
testemunhou, acolheu e guardou o seu corpo até ser resgatado e
trazido para a casa do então Bispo Diocesano, Dom Antonio
Possamai.
A terra é sempre a primeira a testemunhar e beber o sangue dos
mártires. Também um dia, em Jerusalém, a terra foi a primeira
a
comungar o sangue do Profeta-Filho, Jesus Nazareno.
O
padre Ezequiel, foi o
primeiro mártir da nossa Diocese, depois dele, foi assassinado
em
1987, o Ir. Vicente Cañas, missionário espanhol, que
trabalhava com
os povos indígenas em Aripuanã – MT, que, na época, também
pertencia à Diocese de Ji-Paraná. Tanto um quanto o outro
devem
permanecer em nossa caminhada pastoral e em nossa militância
social
e política. É lamentável perceber que nossas gerações mais
novas
não tenham conhecimento dessa história. Será que nossos
mártires
não tem espaços em nossos espaços? Por que?
Nossa Igreja tem
origem
“martirial”. Esquecer o martírio é ignorar nossa origem de fé.
“Esquecê-los” também, vai agradar os “lobos”, pois eles não
se sentirão incomodados e vão exigindo uma Igreja ao seu modo,
que
fale apenas o que eles querem ouvir.
A
lembrança e a memória
dos mártires em nossa caminhada de Igreja Latino-Americana, na
Amazônia, não só reforça o anúncio do Reino de Deus, mas
apressa
sua chegada. Fazer memória aos mártires é mais do que somente
lembrá-los ou recitá-los, mas é ter a coragem de dizer o
porquê
da sua morte e de dizer que é este o caminho deixado por Jesus
Cristo.
Padre Ezequiel, Ir
Vicente, Chico Mendes, Ir Creuza, Ir Doroth, vítimas de
Corumbiara,
Vítimas de Eldorado dos Carajás...e mártires da Amzônia,
Roguem
por nós!
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