06/08/2017




Cinco razões para a sobrevivência do governo Temer
Presidente distribuiu verbas em troca de apoio e foi beneficiado por falta de empenho de parte da oposição e ausência de pressão popular. Entenda o que deu sobrevida a um governo que chegou a ser tido como morto.

Michel Temer sobreviveu. Na quarta-feira (02/08), a maioria da Câmara rejeitou autorizar o prosseguimento da denúncia por suspeita de corrupção que arriscava afastar o presidente do cargo. A vitória do governo começou a ser construída logo depois do choque inicial da eclosão do escândalo da JBS.
Abaixo, as razões que garantiram a sobrevivência do presidente, apesar da gravidade das acusações.
O uso da máquina para cooptar apoios
Em 2016, às vésperas da votação da abertura do processo de impeachment pela Câmara, a ex-presidente Dilma Rousseff distribuiu emendas parlamentares (verbas que são pedidas pelos deputados para uso em suas bases eleitorais) e ofertou cargos para garantir apoios. Michel Temer ampliou o mesmo procedimento. Desde que o escândalo da JBS veio à tona, em maio, o governo prometeu 4,1 bilhões de reais em emendas. No acumulado do ano até maio – antes do caso JBS –, o governo havia empenhado apenas 102,5 milhões de reais.
O presidente também atendeu a pedidos de bancadas que representam o agronegócio e evangélicos. Para a bancada do "boi", Temer concedeu, um dia antes da votação, uma Medida Provisória que vai garantir descontos nas renegociações de dívidas de fazendeiros. A fatura deve causar prejuízo de 5,4 bilhões de reais aos cofres do governo. Temer também publicou a chamada "MP da grilagem", que deve regularizar milhares de áreas públicas invadidas.
Segundo o cientista político Kai Michael Kenkel, professor do Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio e pesquisador associado do Instituto Alemão de Estudos Globais e Regionais (Giga), em Hamburgo, o resultado mostrou que os deputados estão "à venda".  
"O atual processo demonstra que o Temer não possui mais nenhum pudor em manipular o processo e comprar os votos de deputados e que o voto deles está à venda. Abdicou-se de qualquer fachada de que estão sendo levados em conta os interesses do povo brasileiro. O dinheiro desembolsado para comprar deputados na votação sobre a denúncia é exatamente equivalente ao que foi cortado do orçamento do CNPq – maior órgão de fomento de pesquisa científica no país – que a partir de agosto não poderá mais honrar seus compromissos como bolsas para alunos e projetos de pesquisa. Para comprar o voto de deputados nunca 

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