20/10/2012

EcoEconomia, uma nova abordagem


HUGO PENTEADO

Hugo Penteado é mestre em economia pela Universidade de São Paulo e trabalha no mercado financeiro há mais de 20 anos. É autor do livro Ecoeconomia - Uma Nova Abordagem (São Paulo: Lazuli, 2003).
Confira a entrevista.

IHU On-Line – Podemos dizer que os economistas são imediatistas?

Hugo Penteado –
Com certeza. Temos uma ciência completamente autista em relação a vários problemas que estão surgindo, e que estão sendo acarretados por esta visão míope. Por exemplo, nos modelos dos economistas, não há uma só variável que inclua a contribuição dos recursos da natureza. Mesmo os recursos naturais tangíveis que são aqueles que podemos pegar, como metais, petróleo etc., são considerados até hoje, pela macroeconomia moderna, completamente irrelevantes para explicar o processo econômico.

Na verdade, os economistas consideram os bens da natureza como completamente livres, e a ideia de infinitude planetária como um princípio. Eles acreditam que a economia pode ser maior que o planeta e outros absurdos como, por exemplo, a crença que o planeta é um subsistema da economia, e não o inverso. A realidade física, biológica e ecológica não está sendo considerada pelas teorias. Temos que fazer uma inversão de eixos o mais rápido possível porque esse tipo de visão criou um conflito entre o sistema econômico e as pessoas com a natureza da qual dependemos. A realidade é que a economia e as pessoas são o subsistema do planeta, é justamente o inverso. E, portanto, ao não considerar isso, o problema é agravado pelas métricas, estas consideram os bens da natureza livres, o planeta infinito, então, nada disso tem menor apreço por estas questões.
Estamos  vivendo uma das maiores externalidades ambientais do sistema, até para viabilizá-lo. Sem a inclusão dessas variáveis, o sistema está caminhando para um colapso total. É mais do que urgente que a economia mude esta visão. Já existem correntes teóricas contrárias há mais de 60 anos cujas teses e críticas jamais foram refutadas e, no entanto, os economistas teimam em manter a mesma visão de
crescimento eterno das economias sem fazer nenhuma conta, o quanto de água e de solo fértil será necessário, lembrando que recursos são infinitos e estão ficando cada vez mais escassos no mundo todo.
IHU On-Line – O senhor disse recentemente em seu blog que o “Nobel de Economia” é um alerta para os economistas autistas. Pode nos explicar por quê?

Hugo Penteado –
Em primeiro lugar, nenhuma crítica aos autistas, minha irmã mais velha é autista, e eu entendo muito bem como funciona um autista, infelizmente, ele não enxerga a realidade, e isso é tão forte que ele não é capaz nem de desenvolver a fala. O primeiro diagnóstico do autista é mudo-surdo, geralmente, se fizerem testes técnicos de audição vão encontrar o diagnóstico de surdez. O não contato com a realidade é a principal crítica aos economistas. Eles não têm contato com a realidade e não entendem que o problema ambiental não brotou do nada, e sim do sistema econômico, das ações diárias das pessoas, e que existe uma necessidade de mudança de paradigma. Não dá para encontrar uma solução para o problema que a humanidade enfrenta hoje dentro do paradigma atual. A insistência nesse paradigma é de transformar aquecimento global em oportunidade de negócios. Acho que esta é a principal mensagem, precisamos de uma mudança de paradigma, e a economia precisa ser uma ciência que se comunique com as demais ciências, pois ela interfere com o planeta e os serviços ecológicos do qual todos nós dependemos.

Não dá mais para assumir que a economia, como muitos economistas assumem sem saber, é neutra para a natureza. A economia tem uma raiz epistemológica mecanicista e, através dessa raiz, há um erro teórico, já reconhecido há mais de 60 anos, de que a economia simplesmente trabalha com a ideia absurda que é a falta de contato com a realidade, que eu falo autismo, onde o sistema econômico é neutro para o
meio ambiente, e que o planeta é inesgotável.  Esse tipo de visão da realidade é um confronto, ou os economistas mudam o paradigma ou ele irá mudar sozinho, o planeta já está revidando. A Austrália lançou recentemente um plano de evacuação da população costeira até 55 km da linha da costa para dentro, que irá se iniciar em dezembro de 2009. Cerca de 80% da população australiana vive na costa e está preocupadíssima com a mudança climática, uma vez que as evidências não podem mais serem negadas. Cerca de 80% do gelo das estações de esqui desapareceram, e lugares pobres como a Bolívia, que tinha estações de esqui famosas no mundo todo, perderam completamente o gelo de forma permanente. Não tem mais como negar que as mudanças climáticas estão em curso.


A Índia parou de produzir arroz, a Austrália parou de produzir leite, já temos uma série de eventos como a seca enorme da Amazônia em 2005, a forte onda de calor que matou milhares de pessoas na Europa, em 2003. Sobre os eventos climáticos recentes, nos anos de 2008 e 2009, ninguém prestou atenção, a mídia precisa fazer um esforço para mostrar isso cada vez mais claramente, pois são mudanças que estão ocorrendo e não estão sendo amplamente divulgadas.

IHU On-Line – O que falta aos economistas de hoje?

Hugo Penteado –
Conhecimento das demais ciências, isso interfere com a biodiversidade e os ecossistemas. Precisamos ter conhecimentos das ciências mais puras como física, química e matemática, que são as bases das demais vertentes científicas. A ciência precisa ter uma melhor análise social, pois alegar que o crescimento econômico gera benesses. Isso nos países desenvolvidos, principalmente, através de uma concentração de riquezas gigante que vigora hoje no mundo rico. É preciso também transformar essa ciência, que é extremamente matematizada, em uma ciência social, o que deveria ser o objetivo maior. Quando decidi estudar economia, minha preocupação era com o aspecto humano, populacional e social. De repente, deparo-me com uma ciência que só trabalha com equações matemáticas totalmente desvinculadas da realidade, onde duas variáveis foram excluídas dos modelos dos economistas, que são as pessoas e o meio ambiente. Só isso eles excluíram dos modelos e vivemos o absurdo das pessoas servindo a uma economia ao invés de ter um sistema econômico que sirva às pessoas.   IHU On-Line – O que é a visão “in the box”?

Hugo Penteado –
É a visão na qual a economia é considerada um superssistema, o planeta é considerado um subsistema, equivalente à visão que a humanidade já teve no passado de que a Terra era o centro do universo, e que o sol girava em seu entorno. Hoje, os economistas têm uma visão de que o planeta gira em torno da economia, e que a economia é o centro do universo. Na verdade, o planeta é o sistema maior, ele que dita as regras. Não temos a menor condição de interferir nas regras planetárias, temos apenas que negociar e dialogar bem com elas. Não tem jeito, não tem como alterarmos, só conversamos, vivemos e respiramos graças à biodiversidade e aos ecossistemas. Os primeiros relatórios sistêmicos da situação dos ecossistemas saíram nos anos de 2006 e 2008, o projeto Millennium Ecosystem Assessmen, a avaliação é simplesmente negra em relação ao impacto do que estamos fazendo. A crescente demanda sobre recursos cruciais como a água, por exemplo, é uma situação de que estamos caminhando para um cenário de ruptura na questão da água. Nem preciso dizer a importância da água, toda a vida depende dela. A água só existe porque existe a biodiversidade.
Esta é uma questão extremamente importante, da interdependência. Vivemos em uma sociedade individualista e vemos a interdependência como algo negativo, o exemplo da floresta Amazônica é bastante importante. Cerca de 50% da água da Amazônia vêm da evaporação dos oceanos e os outros 50% vêm da transpiração das florestas. A água da Amazônia só existe porque há floresta e a floresta só existe porque há água. É isso que estamos tentando fazer na Amazônia, e no cerrado a mesma coisa. O aquífero Guarani depende da existência do cerrado, se o cerrado desaparecer, a água morre; se a água morrer, a agricultura morre. Então dizer que eu preciso ter metas menos ambiciosas em relação ao cerrado e à Amazônia por causa da
expansão agrícola é uma visão estanque, porque eu não levo em consideração complicações sistêmicas que têm efeitos alavancados. Nem precisa mencionar também o fato de se ter feedbacks positivos nos ecossistemas, e pontos a partir do qual os ecossistemas se autodestroem. O que a comunidade científica vem alertando é que a situação hoje é extremamente crítica. Acho que as informações e os alertas deveriam ser maiores para que as pessoas modificassem seus hábitos de hoje, que é de um extremo desperdício de tudo, de matéria e energia, como se isso fosse abundante e eterno. Não têm o menor compromisso com o planeta e nem com as gerações futuras. Todo transporte em cima de carro individual é um verdadeiro absurdo, o melhor meio de transporte é o coletivo ou andar a pé. São mudanças muito radicais, e não sei se a humanidade está preparada para fazer antes que alguma coisa mais grave ocorra.


IHU On-Line – Mas o fato de uma mulher como
Elinor Ostrom ter recebido este prêmio pode indicar alguma mudança no pensamento econômico mundial?

Hugo Penteado –
Não sei se isso seria um alerta. Eu tenho tentado conversar com economistas famosos, muitos nem me respondem, vários economistas do mercado financeiro como Jim O'Neil etc. para tentar mostrar que temos uma agenda econômica com variáveis escondidas que são muito mais importantes. O que os economistas precisam entender é que muitos itens extremamente importantes para a humanidade têm valor intrínseco, e não podem sequer serem valorados. Acreditar que o sistema de preços ou mecanismos de mercado vai criar uma regra que beneficie o meio ambiente é um verdadeiro absurdo. A maior parte do sistema métrico trabalha com a falsa ideia de que os bens da natureza não têm valor algum.  Na verdade, todas essas métricas, o sistema de preços, o funcionamento do mercado atuam da seguinte forma: quanto mais viável economicamente for uma atividade, mais inviável ambientalmente ela é.

Existe uma lista enorme de exemplos nesta direção, basta ver o colapso das reservas pesqueiras do norte da Europa. Vários cientistas e governos alertaram as aldeias pescadoras para pararem de pescar, e não pararam, pois, quanto mais eles pescavam, além da reposição das reservas, menos peixes saíam, mais caro eles ficavam, e isso era um estímulo para continuarem pescando. Pescaram até o último peixe e causaram um desastre ambiental social gigante, o mais assustador da perda de reservas pesqueiras oceânicas, como é o caso dos países do norte da Europa que não teve retorno. Isso é uma perda definitiva. Estamos nos comportando de forma extremamente predatória. Temos as bacias hidrográficas no Brasil e é preciso ver que as tentativas de evitar que ocorra o colapso destas através da cobrança da água esbarra no seguinte argumento: se cobrarmos pela água a atividade fica economicamente inviável.

A pergunta é: mas se a bacia hidrográfica entrar em colapso por não estarmos cobrando pela eficiência do uso da água, a atividade também vai entrar em colapso? Temos um estado do norte nos Estados Unidos, que é uma miniChina, 99% de sua fonte energética é carvão, gerando uma poluição gigante neste estado, e se chegarmos para o governo desse estado e dissermos para mudar a matriz energética, a resposta será: se mudarmos a matriz energética, a atividade econômica fica inviável. Aqui já ouvimos de alguns políticos da região norte que não dá pra combater a atividade madeireira ilegal porque isso inviabilizaria a economia do estado. Temos agendas ocultas por trás do crescimento econômico que precisam vir à tona. Todo o impacto social, ambiental é amplamente ignorado e o imediatismo é total. Os governos estão pouco se lixando para o que vai acontecer, daqui a 20 anos, com as gerações futuras. As metas são de curto prazo, não temos a capacidade de incluir variáveis de longo prazo, o mercado financeiro, onde eu trabalho há mais de 20 anos, é um ótimo exemplo. O prazo do mercado financeiro é de apenas seis meses.


IHU On-Line – Se hoje nós temos posições insustentáveis, o que pode fazer com que o mundo seja sustentável?

Hugo Penteado –
Cada um de nós, individualmente, tem uma contribuição muito grande para dar que é começar a olhar para os recursos de matéria e energia que utilizamos para viver, reduzindo maciçamente esse consumo, focando em relações sociais. Tem aquela proposta de consumo consciente de um instituto, que fala “não dê um presente, dê uma lembrança”. Precisamos nos desmaterializar, precisamos ter noção que cada recurso desperdiçado, além de ser extremamente karmático para todos nós, é um crime. Estamos cometendo, inconscientemente, um crime contra a sociedade, a humanidade, a biodiversidade, a natureza, o planeta ao implementar um consumo extremamente inconsciente. Tenho uma dica de um livro que acho muito interessante, do Daniel Goleman, autor do “Inteligência emocional”. Ele escreve um livro chamado “Inteligência ecológica” que é excelente, mostra o quanto somos ignorantes e o quanto precisamos de conhecimento para poder pressionar as empresas a realmente adotarem regras mais viáveis, do contrário a humanidade irá desaparecer



AS ABELHAS ESTÃO DESAPARECENDO - Hugo Penteado (economista, autor do livro Ecoeconomia Uma nova Abordagem, Lazuli, 2008, 2ª.edição)

Eis o artigo.

O problema climático está sendo tratado com uma questão isolada por quase todas as mentes pensantes, exceto os cientistas sérios da Terra. Os problemas ambientais planetários, que são vastos e ameaçadores, e que não se resumem apenas no aquecimento global, derivam das nossas ações diárias, do nosso comportamento em relação à natureza e da rota de colisão que decidimos traçar contra a Terra, guerra da qual não sairemos vencedores. Ecossistemas extremamente interligados estão em vias de passar por uma transformação brusca e não linear, caso essas ações diárias ligadas ao nosso modelo de produção e consumo não sejam abolidas.

Houve duas grandes extinções naturais da vida na Terra, causadas por mudanças climáticas bruscas. Nunca houve, desde os 4,6 bilhões de anos da Terra, mudança tão rápida, como o aumento em apenas 200 anos da concentração dos gases do efeito estufa na nossa finíssima atmosfera.  Nunca houve também uma extinção antropomórfica como a atual ou que tivesse sido causado por apenas uma espécie. O fato aterrador é que a humanidade está produzindo a terceira maior extinção já registrada. Todos falam do problema climático, mas mal comentam que já está em curso o maior processo de extinção em massa de espécies animais e vegetais dos últimos 65 milhões de anos. A questão não é mais se vai acontecer, mas como podemos impedir o agravamento dessa tragédia.  A Índia parou de produzir arroz e açúcar, a Austrália leite, os eventos climáticos extremos aqui no Brasil são noticiados quase que diariamente; o pólo norte tinha uma calota polar do tamanho dos Estados Unidos por milhões de anos, que durante o verão se reduz a 15% e em 2014 irá desaparecer por completo. A sorte é que essa calota já flutua nos oceanos e não aumenta o nível da água, mas cria feedbacks positivos ao substituir a reflexão por absorção do calor dos raios solares com a menor superfície branca. Os feedbacks positivos começam a se alavancar em cascata, ameaçando as tundras, onde há uma quantidade colossal de gás metano que é 20 vezes mais poderoso que o gás carbônico para o aquecimento global. A situação piora e ameaça enormemente grande parte da população quando continentes gelados derreterem, elevando o nível dos oceanos em vários metros. Cientistas russos mostram que a inundação das cidades litorâneas é muito maior que o aumento do nível dos oceanos, por conta do efeito da maré. É na verdade um múltiplo.  Essas mudanças ocorrerão quando a resiliência da Terra for vencida e além de ser irreversível a partir desse ponto, a mudança é brusca e tornará a vida inviável quase que inteiramente. Os cientistas, como Martin Rees, já declaram que a probabilidade do homem terminar o século XXI é bem pequena.

Como economista ecológico estou cada vez mais convencido que a minha ciência – a Economia – é totalmente cega e autista. Para ser um economista de verdade teríamos que entender as atuais ciências planetárias, a física, até porque a Economia é uma irmã siamesa da física.
Nicholas Georgescu-Roegen foi lamentavelmente ignorado, embora sem ele grande parte da teoria tradicional não existiria. Não devemos mais, por falta de coragem, manter um discurso apenas orientado aos negócios e atender os interesses dos grupos líderes, porque daqui em diante, nesse ritmo de colisão com o planeta, não temos mais nada a perder. E nesse futuro, não haverão vencedores, os homens mais poderosos do mundo, mesmo eles, pertencem à nossa espécie animal ameaçada e a regra planetária ignorada por quase todos é que todos os seres vivos dependem de todos os seres vivos.  Não existe poder humano ou econômico que mude essa interdependência. Se os líderes da economia e das nações não entenderem ou perceberem que estamos discutindo novas idéias de negócios desse novo mito chamado economia verde numa mesa que está dentro do Titanic, realmente iremos perecer. A filosofia do “não posso abrir mão do lucro, mas posso abrir mão do planeta” não irá resolver o problema climático - e planetário, pois aquecimento global não é "o" problema, mas um deles.

No fundo não temos um problema climático, mas um problema moral.  Se vamos mudar nossos valores e nossa consciência a ponto de motivar as lideranças a promover mudanças reais e não meramente paliativas é uma pergunta sem resposta. No entanto, para alguns é muito grave viver essa dúvida, porque tudo aquilo que consideramos grátis pela natureza – água, energia, clima e comida – está ameaçado, terrivelmente ameaçado e não pode mais ser considerado uma bênção.  Se todos os animais e plantas desaparecessem da Terra, a água sumiria junto. Não há uma só variável no modelo dos economistas que contabilize a contribuição inigualável e irreproduzível da água, dos 20 serviços ecológicos que mantém toda a vida e nem dos recursos naturais tangíveis, como ferro e petróleo, onde nos modelos por uma série de mágicas estatísticas são considerados nos livros consagrados de macroeconomia totalmente irrelevantes para explicar o processo econômico.  Os recursos naturais tangíveis (os únicos analisados pela teoria tradicional) são vistos como irrelevantes porque representam pouco do custo da produção. Desde quando a importância de algum item pode ser diretamente proporcional a seu custo? Temos que nos conformar que para alguns itens não é possível atribuir valor algum - e nem necessário. Essa idéia estapafúrdia deveria ser testada na prática e pedir que os Estados Unidos parem imediatamente de importar 75% do petróleo que consomem. Se afinal é irrelevante para o processo, porque correr tão esganiçadamente atrás desse recurso, que ainda por cima, causa o efeito estufa da Terra?

Os economistas continuam acreditando que a Terra é um subsistema da economia e que não há limites para o crescimento. Com isso não temos ainda uma mudança de paradigma e de discurso e o blablablá de sustentabilidade só faz lembrar um velho ditado francês: quanto mais as coisas mudam, mais elas continuam as mesmas.  O Banco Mundial declara que a causa do problema ambiental é a pobreza e que é possível sim manter o crescimento econômico e ao mesmo tempo eliminar a pobreza e salvar o planeta. Não é o planeta que está ameaçado e sim nós.  Essa ideologia nega, portanto, todas as descobertas científicas do maior e único consenso científico internacional atual.  Essa comunidade já assinou vários alertas para a humanidade, mais de 1700 cientistas, mais de 100 prêmios Nobel.  Ninguém fala do desperdício de tudo, da energia por exemplo, a busca de mais fontes de energia é desnecessária, já que desperdiçamos metade. E por aí vai.

Não dá mais para continuar assim. O renomado paleontólogo norte-americano
Stephen Jay Gould teve uma pequena disputa com economistas norte-americanos, que sem sua autorização dispararam a seguinte convicção: “De acordo com Gould, toda vida na Terra está fadada à extinção, por isso se o sistema econômico causar alguma extinção, estamos prestando um favor à natureza.” Gould entrou no debate avisando que nunca tinha participado de algo tão estúpido, dizendo: “É verdade, toda vida na Terra está fadada à extinção, só 1% de toda vida que surgiu nesse planeta existe hoje. Mas isso ocorre em eras geológicas, de milhões de anos, e não em décadas e nem causada por uma única espécie. Milhões ou bilhões de anos é uma régua temporal que nosso cérebro que só vive décadas não é capaz de entender. É muita ingenuidade achar que essa extinção jamais irá voltar contra os causadores.”  Ingenuidade brutal, porque comemos, vivemos e respiramos graças aos ecossistemas e aos seres vivos e não graças à nossa tecnologia, que é um mero adereço. Einstein escreveu que se as abelhas sumissem, os animais sumiriam e os homens também, em quatro anos.

As abelhas estão sumindo. No longo prazo todos estaremos mortos, mas como espécie animal seríamos praticamente imortais. Ao que tudo indica, não mais.

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